Débora Rolando
A Organização das Nações Unidas (ONU) irá retirar, temporariamente e por segurança, mais da metade de seus funcionários estrangeiros - os que não são considerados essenciais - do Afeganistão, disse nesta quinta-feira (5) Aleem Siddique, porta-voz da instituição.
A decisão ocorre após o ataque talibã registrado na última semana de outubro (28), contra uma hospedaria utilizada pela organização no centro de Cabul. O atentado matou cinco funcionários da ONU, dois policiais e uma oitava pessoa, cujo corpo carbonizado não foi identificado, além dos três terroristas que realizaram o ataque. Cinco pessoas também ficaram feridas.
No mesmo dia, duas horas após esse ataque, foguetes foram lançados contra o hotel Serena, um dos principais da capital afegã e utilizado por diplomatas e jornalistas internacionais. Nesse caso não há registro de vítimas.
Um porta-voz habitual dos talibãs, Zabihullah Mujahed, reivindicou o ataque. Na ocasião, afirmou que o mesmo foi a "primeira etapa" de uma campanha de desestabilização do processo eleitoral no país.
A ONU mantém no país cerca de 1.100 funcionários estrangeiros. O plano da organização é retirar 600 pessoas, provavelmente a partir desta quinta. Alguns empregados podem ser transferidos para locais considerados mais seguros no Afeganistão, mas a maior parte deixará o país.
O porta-voz informou ainda que missão da ONU no Afeganistão dispõe de um total de cinco mil trabalhadores ou colaboradores, mas 80% são afegãos. "Levamos mais de meio século no Afeganistão e os programas continuam. Mas os recentes eventos trágicos nos forçam a revisar a segurança", assegurou Siddique.
A ONU divulgou nota dizendo que o organismo está "dando passos adicionais para reduzir os riscos de seu pessoal nacional e internacional" no país.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se reuniu na segunda-feira (2) com o presidente eleito, Hamid Karzai, em Cabul, e lhe pediu que as Forças de Segurança afegãs contribuam para garantir a segurança nas instalações da organização.
Vale lembrar que o fim da administração do Talibã no Afeganistão está vinculado aos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. O presidente americano à época, George W. Bush, revidou com uma invasão ao país que dava abrigo à rede al-Qaeda, responsável pelos ataques. Paquistão e Arábia Saudita se tornaram aliados na luta ao terror, e os talibãs continuaram a sua luta armada, agora na clandestinidade.
Já em março deste ano, Obama, o novo héroi mundial, afirmou que o combate ao Talibã e à al-Qaeda no Afeganistão e no Paquistão passaria a ser prioridade dos EUA, tirando o foco da luta antiterrorismo do Iraque. Em julho, as tropas lideradas pelos EUA iniciaram uma grande ofensiva contra o movimento na província de Helmand...
Pelo jeito a ONU está desistindo de tentar implantar a paz no Afeganistão. Resta agora esperar para ver se o Presidente do Estados Unidos, Barack Obama, também vai desistir, ou vai honrar o Prêmio Nobel da Paz, o qual conquistou esse ano.
Num lugar tão sofrido, marcado historicamente por tantas guerras, é de extrema preocupação pensar no abandono de uma instituição de ordem mundial, que prima pela paz. E agora, quem irá (tentar) garantir a paz daquele povo?
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